"Que existência tão estúpida, para que nascemos se é para morrer"

No dia do nascimento deste blogue ocorrem duas mortes na minha vida, uma a da relação com a pessoa com quem planeei e desejei muito passar o resto dos dias da minha vida. Mas como diz o povo : "quem morre porque quer, não se chora pela pele." E por aqui me fico porque dos fracos não reza a história e esta não é uma história de fracos.
É sim uma história de força, a história de uma pessoa que hoje me deixa para sempre mas cuja presença ficou marcada para sempre no meu ser.
Senhora altiva e elegante, perfeccionista e teimosa como ela só.
Nesta minha incursão pela blogosfera, presto então a minha homenagem à minha avó, uma das pessoas mais importantes da minha vida com um sentimento enorme de tristeza mas, por outro lado, com uma felicidade enorme por ter privado com tal pessoa, com um orgulho colossal por ser seu neto, com uma satisfação gigantesca por ter recebido a educação que me deu, e principalmente com uma alegria indescritível por ter sentido o verdadeiro amor de avó capaz, se preciso tivesse sido, de deixar de comer para me dar. Sinto-me ainda feliz por tê-la sempre respeitado e amado mesmo até ao último dia de vida, tempo durante o qual me esforçei para retribuir tudo o que ela sempre me deu.
Ficam então as memórias e a eterna saudade. Ainda me lembro de em puto, desfilar qual principe de mãos dadas pelas ruas com tal ilustre figura á qual todos se aprontavam para cumprimentar. Mais velho me lembro de pensar: -como é que uma senhora desta idade pode ter tal presença, e que par de penas bonitas tem a minha avó.
Eu era sem dúvida o "menino", (afinal o único neto homem) mas não era por isso que as meninas eram preteridas. Afinal este ser magnifico fez bem a tanta gente, um verdadeiro exemplo de altruísmo e humanidade. Não conheço ninguém que com ela tenha privado que não lhe tenha a agradecer.
Tive todos os miminhos da minha avó (que bom é poder dizer isto!). Mas não se pense que fui mimado, antes muito bem educado, ainda me lembro de a ouvir clamar (sim, a minha avó não gritava) o meu primeiro e segundo nomes (estava tudo estragado!), tudo terminava com um "-e não me estejas sempre a recalcitrar, se faz favor!".
Não me lembro de personalidade tão forte, nunca nada do que pensou deixou de fazer (ou mandar, como era hábito!).
Nunca ouvi um palavrão naquela casa, nunca vi casa tão limpa.
Que sorte tive eu em nascer nesta família!
Deixo uma frase que tantas vezes ouvi da minha avó amada: "Filho, que existência tão estúpida, para que nascemos, se é para morrer?"
Termino este post onde inicio o meu luto (luto, mas não roupa preta, porque a minha avó não queria. Dizia ela: "o sentimento está cá dentro".)

Se alguém conseguiu ler ate ao fim, obrigado.
A partir de agora vou continuar a fazer uma das melhores coisas que a minha avó me ensinou a fazer: Rir, rir ás gargalhadas como só nós dois fazíamos, tantas, tantas e tantas vezes, por tudo e por nada.

Obrigado vó.